Mostrar mensagens com a etiqueta história. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta história. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A Razão Porque os Japoneses Ainda Dormem no Chão

 

Neste artigo vamos contar com detalhe sobre como o futon surgiu e também as razões que levaram os japoneses a dormirem no chão.

Já se perguntou porque os japoneses tem o costume de dormir no chão? Para responder essa pergunta, precisamos voltar no tempo e dar uma olhada na história do Japão. Mas antes, deve saber que os japoneses costumam dormir sobre um colchão chamado futon.

Geralmente o futon, que costuma ter de 5 a 7 cm de altura, é colocado sobre o tatami, um piso feito de palha de arroz prensada e depois revestida com esteira de junco, muito comum em casas tradicionais japonesas. Embora seu uso esteja diminuindo nos dias de hoje, muitas pessoas no Japão ainda conservam pelo menos um cómodo com tatami em suas casas.

Período Jomon e Período Kofun (14.000 AC – 538 DC)
Imagem: Wikimedia Commons

Bom, mas para sabermos a origem desse costume tradicional do Japão que perdura até hoje, precisamos voltar ao Período Jomon (縄文時代) (14.000-1000 AC), quando os japoneses viviam em casas chamadas “Tateanashiki Jukyo” (竪穴式住居). Eles cavavam um buraco no chão e colocavam um telhado sobre ele, de forma que o chão ficasse mais baixo do que o solo.

Também colocavam terra ao redor das casas ou as construíam em uma colina para evitar a entrada de chuva, humidade, insetos e assim por diante. Era também uma maneira de se protegerem do frio, pois estando abaixo do solo aqueciam-se mais do que acima dele.
Imagem: Wikimedia Commons

Cerca de 4 a 6 pilares de madeira eram usados ​​para sustentar os telhados. Neste tipo de casa, havia duas maneiras de dormir. O método mais comum era usar um colchão chamado “Mushiro” (筵) ou “Komo” (菰) uma espécie de esteira feita de gramíneas como palha, junco, folha de noz-moscada japonesa, planta de arroz, taboa e assim por diante. Também usavam a pele de animais e árvores ou algas marinhas secas como colchão. Mushiro é o precursor do Futon.
Imagem: Wikimedia Commons
Outra maneira de dormir, embora mais raro, era colocar o “Mushiro” sobre toras de madeira. Esse tipo de “cama” sobre troncos de árvores foi encontrada nas ruínas de Nishitai (西田井遺跡), na prefeitura de Wakayama. Esses estilos de dormir continuaram durante o Período Yayoi (弥生時代) (1000 a.C. até 300 d.C.) ao período Kofun (古墳時代) (250 d.C. a 538 d.C.).

Período Nara ao Período Heian (710-1192)


Em 756, a Imperatriz Komyo dedicou os pertences do Imperador Shoumu ao templo Tōdai-ji, em Nara. Entre eles, havia uma cama de madeira com 237,5 cm de comprimento, 118,5 cm de largura e 38,5 cm de altura. Esta é a cama mais antiga encontrada no Japão, até agora.

Aparentemente, um tatami ou colchão foi colocado em cima da cama para dormir. A cama da Imperatriz Komyo também foi encontrada. O casal unia suas camas para dormirem juntos.

Um colchão para o imperador
No período Nara, o tatami estava começando a ser produzido e era utilizado especialmente pelos nobres. O tatami mais antigo chama-se “Gosho no tatami” (御床畳), que significa tatami do Imperador Shoumu. Dizem que ele costumava usá-lo em sua cama como colchão.
Imagem: sakura-paris.org

No período Heian, as pessoas nobres viviam em casas chamadas “Shinden Zukuri” (寝殿造), cujo prédio principal era chamado de “Shinden” (寝殿) e ficava no centro da propriedade. Este edifício tinha duas salas que foram chamadas de “Nurigome” (塗籠) e “Moya” (母屋).

Uma característica interessante nessas casas é que elas não tinham paredes, exceto a sala Nurigome. Os cómodos eram divididos através de persianas ou biombos. Os pisos eram basicamente feitos de madeira. E do lado de fora havia lagos, pontes e belos jardins.

Nurigome (塗籠) é uma sala interna fechada com paredes fortemente rebocadas. Este quarto era usado para dormir no início, porém mais tarde, foi usado para armazenar coisas.

Naquela época, os pisos eram de madeira, então eles colocavam tatami móveis onde quisessem. Na foto abaixo, verá partes verdes no chão, que são os tatami.
Imagem: wikimedia commons

No quarto chamado “Moya“ (母屋), havia uma cama em dossel chamada “Micho” (御帳). Costumava ser usado pela nobreza para relaxar, receber convidados, decidir regras políticas e assim por diante. Algumas pessoas de alto escalão dormiam dentro do Micho.

Micho também era um símbolo de autoridade ou poder financeiro. A nobreza tinha o costume de decorar o Micho para mostrar seu status. Também era chamado de “Michodai” (御帳台) ou “Chodai” (帳台), também foi usado pela família Imperial, embora um estilo diferente.

Imagem: Wikimedia Commons

Yaedatami (八重畳)
A propósito, sabe o significado da palavra tatami (畳)? Tatami significa “empilhar continuamente”. No período Heian, a maioria das pessoas nobres usava o tatami como colchão para dormir. Eles empilharam um par de Mushiro (筵). Este tatami é chamado de “Yaedatami” (八重畳) por documentos antigos “Kojiki” (古事記) e “Nihonshoki” (日本書紀).
Imagem: @tabamegu0102 (Instagram)

Algumas pessoas do alto escalão costumavam dormir em Yaedatami e usavam um pequeno tatami como travesseiro. Yaedatami geralmente estava dentro do Micho. Eles também usavam uma roupa de dormir chamada “Fusuma” (衾) que era feita de cânhamo ou seda.

E quanto ao plebeu? 
A casa deles ainda era de cova e a maneira como dormiam era a mesma de antes. Eles usavam palha para dormir. Alguns até poderiam usar Mushiro e Fusuma, mas não eram como os que as pessoas nobres usavam. Eles tinham uma vida bastante simples.

Período Kamakura ao Período Muromachi (1192 – 1573)
Imagem: kotobank,jp

Uma nova era chegou. No período Kamakura, a sociedade aristocrática mudou para a sociedade samurai. O estilo das casas também mudou. “Shinden Zukuri” gradualmente foi desaparecendo e o novo estilo arquitetónico “Shoin Zukuri” (書院造) foi estabelecido.

No estilo Shoin Zukuri havia muitos quartos que se conetavam a um corredor. Havia muitas paredes nas quais telas shoji e portas de correr separavam os espaços. Os pisos eram preenchidos com tatami e os telhados eram feitos no estilo “Irimoya Zukuri” (入母屋造).

Na parte externa, era comum paisagens secas ou jardins de pedras japonesas chamado “Karesansui” (枯山水). O tatami móvel que era comum nas casas “Shinden Zukuri”, foi substituído pelo tatami fixo e então os nobres começaram a dormir no chão de tatami.
Imagem: ameblo.jp

No período Kamakura, algumas pessoas do alto escalão tinham uma espécie de roupa para dormir, chamado de “Kaimaki” (掻巻). Esta capa tinha gola e mangas que a faziam parecer um quimono. No período Muromachi, Kaimaki passou a ser chamado de “Onzo” (御衣).

Apesar do nome ser diferente, era basicamente a mesma coisa que kaimaki, sendo usados apenas pela nobreza. Já as pessoas comuns dormiam com roupas comuns ou Fusuma. Embora, houvesse pessoas comuns afortunadas que moravam em uma casa de estilo “Irimoya Zukuri”, as que viviam especialmente no campo, ainda moravam em casas de cova, nesta época.

Período Sengoku ao Período Edo (1467-1868)
Imagem: Pixabay

Nesse período, o algodão começou a se espalhar por todo o Japão. De acordo com documentos antigos chamados “Nihonkoki” (日本 後記) e “Ruijukokushi” (類聚国史), as sementes de algodão chegaram ao Japão em 799-800, mas no início, eles não conseguiram cultivá-la.

Em 1492-1500, eles finalmente conseguiram cultivar algodão em Mikawa (atual prefeitura de Aichi). Segundo um antigo documento “Tokitsugukyoki” (言継郷記), em 1558-1569, um comerciante levou semente de algodão para Kyoto e o cultivo se espalhou por todo o Japão.
Imagem: Wikimedia Commons

Durante a propagação do algodão, surgiu a capa chamada “Yogi” (夜着), que tinha algodão dentro dele. Parecido com o Kaimaki, se assemelhava a um quimono. Também é chamado de “Kaimakifuton” (かいまきふとん) e promovia um bom aquecimento no inverno.

Existiam vários modelos de Yogi. Pessoas da nobreza usavam Yogi de seda, mas as pessoas comuns usavam Yogi de cânhamo e algodão. Além do yogi, os nobres de Kyoto e Nara usavam também o colchão futon Shiki, que é semelhante ao futon atual, mas um pouco mais fino.

A propagação do Tatami
Imagem: pxhere.com

No meio do período Edo, o tatami finalmente se tornou acessível ao povo comum que vivia na cidade. Mas os camponeses ainda não podiam obtê-los até o período Meiji. No final do período Edo, a produção de tatami se expandiu e o seu uso se espalhou em todo o Japão.

Nesse período, as pessoas começaram a usar uma capa “Kakebuton” (掛布団) e um colchão chamado “Shikibuton” (敷 布団) como nos dias atuais. Muitas pessoas comuns usavam o próprio tatami como colchão. Mas os preços do tatami e futon continuavam sendo muito elevados.

Futons eram muito caros!
No período Edo, graças ao sucesso da produção de algodão, eles podiam fazer futons de Yogi e Shiki, mas as pessoas comuns ainda não podiam pagar por eles. O motivo é o preço. Os futons custavam 30 Ryo neste período, sendo que 1 Ryo custava de mil a 3 mi dólares!

Portanto, a maioria das pessoas não podiam ter. O valor do Ryo era variável e por isso o valor do futon também. O valor do dinheiro oscilava muito neste período. Além disso, é quase impossível tentarmos comparar o valor do dinheiro antigo com o dinheiro de agora.

Imagem: nemuri-kurashi.jp

No entanto, havia outros futons mais em conta chamados “Tentokuji” (天徳寺). Mas Tentokuji era feito de papel japonês e dentro dele era colocado palha. Também chamado de “Kamifusuma” (紙衾), era muito popular entre as pessoas, que diziam ser “leve, resistente, quente, e barato”.

Mesmo sendo um futon barato era considerado precioso, tanto que era comum ladrões invadir as casas para roubá-los. Dizem também, que as pessoas costumavam enrolá-los com um tapete para guardá-los para que, em caso de incêndio, pudessem retirá-los rapidamente da casa.

A popularidade do futon nos distritos de luz vermelha

Imagem: Wikimedia Commons

Por volta de 1688, colchões Shikifuton (敷き布団) estavam a começar a ser usados ​​em alojamentos femininos chamados Yukaku (遊郭) localizados em distritos de luz vermelha. Muitos clientes gastaram muito dinheiro na compra de futons para as mulheres que viviam lá.

Portanto, o futon tornou-se um símbolo de popularidade para essas mulheres. Eles, inconscientemente ajudaram o futon a ficar mais conhecido pelas outras pessoas.

Enquanto isso, nas áreas rurais, as pessoas permaneciam dormindo como antigamente, com Mushiro ou palha, com poucas mudanças desde o período Yayoi. A maioria das casas tinha piso de madeira neste período, mas o tatami, usado pelas pessoas de alta posição, só se tornaria acessível a essas pessoas no período Meiji e o futon de algodão só no período Showa.

Período Meiji ao Período Taisho (1868‐1926)
Imagem: Wikimedia Commons

No período Meiji, o algodão passou a ser importado da Índia, cujo preço era muito mais barato. As pessoas podiam comprar um futon com algodão dentro. As pessoas costumavam reciclar quimonos velhos para fazer o futon e compravam algodão para colocar dentro dele.

O algodão é altamente higroscópico. Isso trouxe o problema do mofo. No final do período Meiji, para evitar a ocorrência de mofo, um armário chamado “Oshiire” (押入れ) foi criado. Desde então, o hábito de guardar o futon em um armário continua até os dias de hoje.

Cama de estilo ocidental
A partir do Período Meiji, a cultura ocidental começou a entrar no Japão. Um comerciante chamado Takeji Usami foi para a Inglaterra e aprendeu a fazer uma estrutura de cama e um colchão ocidental. Ele voltou ao Japão e fundou sua empresa para fazer camas em 1926.

Paralelamente, o futon de algodão começava a se espalhar entre os plebeus, mas em locais rurais como o lado norte do Japão ou em vilas mais precárias, as pessoas ainda dormiam com um futon feito de cânhamo, palha ou alga marinha dentro de um saco de palha.

Após o período Showa (1926 – 1989)
A propagação do futon de algodão aumentou ainda mais nesta época. Quando o algodão do futon ficava muito fino, eles o levavam a uma loja para adicionar mais algodão.

Nesse período, a sociedade japonesa mudou muito e o valor do futon também mudou, especialmente depois que surgiu o poliéster em 1941. Em 1958, foi importado para o Japão e por ser mais barato que o algodão, futons de poliéster começaram a ser vendidos.

O período de alto crescimento económico (1954-1970)
Imagem: address.love

Em 1962, a cama de dois andares (beliche) se tornou popular. As famílias eram numerosas e as casas antigas japonesas não havia muitos quartos. Eles basicamente tinham um grande cómodo para viver, comer e dormir e por isso precisavam de otimizar o espaço onde viviam.

Quartos com paredes ou divisórias foram adicionados às casas japonesas. E as camas beliche eram usadas no quarto das crianças por não ocuparem muito espaço. Mas ao invés de um colchão, eles colocavam um futon sobre as estruturas das camas. Nos últimos anos, com o declínio da população, a cama de dois andares acabou caindo um pouco em desuso.

Como funciona atualmente no Japão
Imagem: photo-ac.com

Hoje em dia, a maioria as casas modernas japonesas são na sua maioria de estilo ocidental. O tatami está a desaparecer das casas modernas japonesas, embora muitas casas ainda mantenham ao menos uma sala de estilo tradicional, com o piso de tatami.

Existem algumas razões para explicar esse fenómeno. Algumas delas estão ligadas ao facto do país sofrer com muitos terremotos. Por exemplo, pilares de madeira e telhados pesados comuns nas casas antigas, infelizmente correm mais risco de desabar em um tremor.

Com isso, as construções evoluíram para algo mais seguro contra terremotos e outros desastres naturais. Além disso, as construções antigas eram mais caras devido às matérias primas e técnicas de construção empregues, além da manutenção ser mais cara também.

Por que o hábito de dormir no chão ainda é mantido?
Imagem: Wikimedia Commons

Como vimos, a história do uso do futon e de dormir no chão é longa. Mas de que maneira esse hábito perdurou até os dias de hoje? Bem, os japoneses não usam sapatos em casa. Esse hábito ajuda a manter as casas limpas, então deitar-se no chão não é um problema.

Como dito anteriormente, o país sofre com abalos sísmicos constantes, então talvez, não seja uma boa ideia colocar muita mobília nos quartos pois pode bloquear o caminho ou cair. Outro motivo é para ter um espaço extra, pois os futons podem ser dobrados e guardados em um armário. E por último, porque simplesmente seguem a tradição herdada por seus pais e avós.
Imagem: photo-ac.com

Mas além de tudo isso, os japoneses acreditam que dormir no chão é melhor pra coluna, pois quando se deita no chão, pode manter sua postura reta. Também acredita-se que esse hábito reduza dores nas costas e ombros além de ter um efeito desintoxicante pois estimula o fígado, os rins e a pele. Dizem que este efeito pode melhorar até a circulação sanguínea.

Além da questão de economizar espaço, os japoneses acham mais fácil cuidar de um futon. Tudo o que precisa é aspirar o futon com frequência e trocar as capas. Os japoneses também costumam colocar o futon de vez em quando ao ar livre, para tomar sol.

Se for necessário lavar o futon inteiro e não somente as capas, isso pode ser feito nas lavanderias japonesas, caso a sua máquina de lavar não suporte o peso ou volume. Outra vantagem é que não há o risco de cair e nem de encontrar um yokai debaixo da cama.

Os contras de dormir em um futon no chão
Imagem: photo-ac.com

Brincadeiras à parte, existem muitas vantagens de dormir no futon, no chão. Mas pode haver contras também. Embora no verão seja mais fresco para dormir, no inverno pode ser um problema para algumas pessoas. Há também o problema de poeira que se acumula no chão todos os dias, por isso, um aspirador de pó pode ser um item fundamental para si.

Além disso, caso esteja acostumado a dormir numa cama e num colchão macio, provavelmente achará o futon desconfortável. Mas tudo é questão de costume, a menos que sofra realmente de algum problema na coluna que inviabilize dormir no chão.

Com a influência ocidental, alguns japoneses tem optado em dormir em camas, mas ainda há aqueles que não abrem mão do seu futon e seu tatami. Muitos estrangeiros podem ficar dececionados com isso, mas não se preocupe pois esse hábito ainda vai durar muito tempo e talvez nunca desapareça de facto. Os japoneses sentem muito orgulho de seus Ryokan (旅館), as hospedarias típicas japonesas que ainda conservam seus padrões tradicionais.

Espero que este artigo tenha sido esclarecedor. Particularmente, eu adorei descobrir esses detalhes sobre a origem do futon e os motivos que levaram os japoneses a dormirem no chão. Já teve a experiência de dormir no futon no chão? 

Imagem do topo: photo-ac.com
https://www.japaoemfoco.com/por-que-os-japoneses-dormem-no-chao/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+JapaoEmFoco+%28Japao+em+Foco%29


quarta-feira, 17 de abril de 2019

EPOPEIA DO I'CHING

... O I' Ching é justamente importante porque tem a ver com toda a panóplia das emoções humanas. No decorrer da repetição anual da conquista, ao longo das danças e da recitação dos oráculos, a epopeia deveria ter sido representada. Mas, nessas reuniões anuais, os problemas do dia deveriam de estar tão presentes no espírito do povo como actualmente para nós. Em tais circunstâncias, um final triunfante daria ao povo a sensação de que poderiam comparar-se com os feitos heróicos dos seus ilustres antepassados e que a culpa de todas as dificuldades que viviam eram deles próprios. O texto final, o último oráculo, diz: "Não, as dificuldades e o caos fazem parte da vida como as vitórias e as conquistas." O que torna o I' Ching tão poderoso ainda hoje é o facto de reconhecer a natureza interna das mutações, da transformação e da luta. É por isso que, no fim da epopeia, a dúvida subsiste. É na solidão individual, na dissidência do poder politico e no reconhecimento das dificuldades da vida que culmina toda a história.
... O I' Ching tornou-se um notável texto espiritual porque se dirige à condição humana de todas as gerações. O facto de poder-se provar que está enraizado num determinado acontecimento histórico tem o mesmo significado que, por exemplo, o êxodo aos longo dos séculos. A epopeia do I 'Ching é a epopeia da natureza mutável da vida, os seus altos e baixos e dificuldades. O que é fascinante é a Voz ouvida, uma Voz que ecoa nas vidas de quem o consulta. É esta voz que transforma o texto de uma simples crónica em jornada espiritual.

crédito: Livro I Ching - O Livro das Mutações de Martin Palmer, Jay Ramsay, Zhao Xiaomin

terça-feira, 9 de abril de 2019

JADE E A CULTURA CHINESA


Importância do Jade na Cultura Chinesa

O Que é o Jade e tipos existentes
Jade é uma rocha metamórfica que é naturalmente colorida de verde, vermelho, amarelo ou branco. Quando polido e tratado, as cores vibrantes do jade podem ser extraordinárias. O tipo mais popular de jade na cultura chinesa é o jade verde, que tem um tom esmeralda.
Chamado (yù) em chinês, o jade é importante para a cultura chinesa por causa de sua beleza, uso prático e valor social.
O jade é classificado em jade macio (nefrita) e jade duro (jadeíta). Como a China só tinha jade mole até que a jadeíta foi importada da Birmânia durante a dinastia Qing (1271-1368 dC), o termo "jade" tradicionalmente refere-se à nefrita e, portanto, o jade mole também é chamado de jade tradicional. 

A jadeíta birmanesa é chamada feicui em chinês. Feicui é hoje mais popular e valioso do que o jade da China.
Jade tem feito parte da civilização chinesa desde os primeiros dias. O jade chinês foi usado como material para fins práticos e ornamentais em um período inicial da história, e continua sendo muito popular hoje em dia.
O povo chinês gosta do jade não apenas por sua beleza estética, mas também pelo que ele representa em relação ao valor social. No Li Ji (Livro dos Ritos), Confúcio disse que há 11 De, ou virtudes, representadas no jade: benevolência, justiça, propriedade, verdade, credibilidade, música, lealdade, céu, terra, moralidade e inteligência.
"Os sábios compararam o jade à virtude. Para eles, seu polimento e brilho representam o todo da pureza; sua perfeita compacidade e extrema dureza representam a segurança da inteligência; seus ângulos, que não cortam, embora pareçam afiados, representam justiça; o som puro e prolongado, que se produz quando alguém o atinge, representa a música.
"Sua cor representa lealdade; suas falhas interiores, sempre transparentes, chamam a atenção para a sinceridade; seu brilho iridescente representa o céu; sua substância admirável, nascida da montanha e da água, representa a terra. Usada sozinha sem ornamentação representa a castidade. O preço que o mundo inteiro atribui a ele representa a verdade ". Livro dos Ritos


terça-feira, 19 de março de 2019

LENDA DO SÍMBOLO DA DUPLA FELICIDADE



A história do símbolo da Dupla Felicidade - shuāngxǐ  (雙喜)
O símbolo remonta à antiga dinastia Tang.  Segundo a lenda, havia um estudante a caminho da capital para fazer o exame nacional, no qual os melhores alunos seriam selecionados como ministros do tribunal. 
Infelizmente, o estudante adoeceu no meio do caminho quando passava por uma aldeia nas montanhas, mas um curador e sua filha levaram o estudante para casa e o trataram com perícia.
O estudante recuperou rapidamente devido ao seu bom atendimento. Quando chegou a sua hora de partir, achou difícil dizer adeus à filha do curador e ela também. Eles se apaixonaram um pelo outro. Como resultado, a menina escreveu metade de um dístico para o aluno: "As árvores verdes sobem ao céu com a chuva primaveril, enquanto o Céu realça na primavera as árvores da obscuridão".
O estudante respondeu: "Bem, eu posso fazer isso, embora não seja fácil. Mas terá que esperar até eu terminar o exame." A jovem assentiu.
O jovem acabou conquistando o primeiro lugar na competição. O imperador reconheceu sua coragem e pediu-lhe para terminar uma parte de um dístico. O imperador escreveu:
"Flores vermelhas pontilham a terra a procurar a brisa enquanto a terra fica vermelha depois do beijo."
O jovem percebeu imediatamente que a meia frase da jovem era a combinação perfeita para o dístico do imperador, então ele usou as palavras dela para responder. O imperador ficou encantado com esta mudança de acontecimentos e nomeou o jovem como ministro do tribunal. Mas antes que o estudante começasse sua nova posição, o imperador permitiu que ele fizesse uma visita à sua cidade natal.
Ele correu para a jovem que lhe deu o dístico e repetiu as palavras do imperador para ela. Os dois dísticos se complementavam e logo se casaram. Durante a cerimónia, eles dobraram o caratere chinês "feliz" em um pedaço de papel vermelho e o colocaram na parede para expressar seu prazer com os dois eventos.
Assim nasceu este símbolo que corresponde ao conceito Shuang Hsi que em português significa Dupla Felicidade. 
Desde o casamento do casal, o símbolo da dupla felicidade tornou-se um costume social chinês. Pode ser encontrado em todos os casamentos chineses e também é usado para os convites de casamento.


Com este símbolo pode-se assegurar o bem estar da relação sentimental e se não tem ajuda a conseguir o par perfeito. Quem deseja uma relação estável que traga paixão à sua vida deve-o colocar na sua residência. Para manter o relacionamento saudável deve-o colocar a sudoeste, pois este ponto cardeal consagra a energia dos relacionamentos.

Também se usa em conjunto com o Dragão e a Fénix, o Dragão representa o homem e a Fénix a mulher.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A CHUVA E O BOM TEMPO

"Naquele tempo, Deus habitava a Terra. 
Um agricultor engraçado chega-se ao pé de Deus e diz: Ouve meu velho, talvez tenhas criado o Universo, mas não és agricultor. Vou-te ensinar umas coisas.
Diz-me, respondeu Deus (sorrindo discretamente por trás da sua barba).
Dá-me um ano - disse o agricultor - e faz conforme eu te disser. Vais ver: vamos acabar com a pobreza!
Durante um ano, Deus concedeu ao agricultor todas as graças que ele pediu. Nada de tempestades, nada de trovoadas e nenhum perigo para o gado. Era o conforto total. O trigo crescia vigoroso. Se o agricultor pedia sol, o sol aparecia; se queria chuva, chovia a quantidade que ele queria. Nesse ano tudo correu às mil maravilhas.
O trigo cresceu até a uma altura muito elevada que levou o agricultor a procurar Deus e disser-lhe: Observa, meu velho. Mais dez anos como este e haverá colheita bastante para alimentar todas as pessoas, sem que ninguém precise de trabalhar!
Mas quando a colheita foi feita, não havia nada no interior das espigas de trigo. Simplesmente, cascas vazias ... apenas ar. O trigo, que tinha crescido tanto, estava vazio. Surpreendido, o agricultor perguntou a Deus o que é que tinha acontecido.
Uma vez que não houve contratempos, nem conflitos, nem atritos, porque tu evitaste tudo o que era mau, o trigo não ganhou força. É sempre necessário lutar um pouco. É preciso que haja noite entre os dias. A tempestade, os relâmpagos, os trovões, tudo é necessário. Eles estimulam a alma do trigo.

Autor: desconhecido.


terça-feira, 13 de março de 2018

O JOGO DO VENTO

Um Mestre Zen pediu a dois dos seus alunos para observarem durante duas semanas o barulho de um carrilhão agitado por o vento.
Depois perguntou-lhes: 
- Qual é a causa desse barulho?
Um dos alunos respondeu:
- É o entre-chocar dos tubos.
E o outro afirmou:
- É o vento.
O Mestre Zen corrigiu-os:
- Não, é o vosso coração.

sábado, 17 de dezembro de 2016

JIAOZI 饺子, UMA DAS DELICIAS DA CULINÁRIA CHINESA

A história
Na China, existem várias lendas que explicam a origem do jiaozi e do seu nome.
Parece que foram ‘inventados’ durante a dinastia Han Oriental (AD 25-220) por Zhang Zhongjing, que era um grande praticante da medicina tradicional chinesa. Os Jiaozi receberam o primeiro nome de “orelhas ternas” (娇 耳 –  jiao’er), porque eles foram usados para ajudar as pessoas a esquentarem suas orelhas no inverno. 
Mas, reza a lenda que Zhang Zhongjing estava a caminho de casa durante o inverno, quando percebeu que muitas pessoas comuns tinham ouvidos gelados, porque não tinham roupas quentes e comida suficiente. Ele então preparou um guisado de cordeiro com pimentas e algumas ervas medicinais em uma panela, e usou para rechear a massa tradicionalmente usada na culinária chinesa. Colocou os jiaozi para cozinhar num caldo temperado e distribuiu para as pessoas. Isso ocorreu perto do ano novo chinês, a época mais fria do ano.
Mais tarde, a fim de celebrar o Ano Novo, de uma forma que aquece o corpo, inclusive as orelhas, as pessoas começaram a copiar a receita de Zhang para fazer Jiao’er.
Outras teorias (sabem como é a sabedoria popular, sempre tem uma história interessante para tudo) sugerem que jiaozi pode ter derivado de bolinhos asiáticos. Na dinastia Han ocidental (206 BC – AD 9) jiaozi (饺子) foram chamados Jiaozi (角子) – percebam que a diferença está no primeiro caractere, que no segundo nome significa ‘chifre’.
Durante o período dos Três Reinos (AD 220-280), o livro Guang Ya, escrito por Zhang Yi, menciona jiaozi. Yan Zitui, durante a dinastia Qi (550-557 dC) escreveu: “Hoje, o jiaozi, em forma de lua crescente, é um alimento comum no mundo”. Mais tarde, na dinastia Tang (AD 618 – 907), o jiaozi se tornou mais popular, chamado Bian Shi (扁食).
O formato do jiaozi também é semelhante ao ‘yuan bao’ usado como moeda
durante a Dinastia Ming, e por essa semelhança com o formato da antiga moeda chinesa, eles acreditam que esse bolinho traz a prosperidade. É muito comum servirem os jiaozi no jantar da véspera do ano novo chinês. Também é comum esconderem uma moeda limpa dentro de um jiaozi para que alguém encontre e, claro, será a pessoa mais sortuda da festa!
Hoje em dia, jiaozi são servidos durante todo o ano no café da manhã, almoço ou jantar. Eles podem ser servidos como um aperitivo ou como o prato principal. Algumas vezes podem ser  o último prato da refeição. São cozidos no vapor, em cestas especiais de bambu e servidos com de molho de soja e gengibre. Os recheios variam muito: de carne a legumes, tudo que você imaginar.

Receita de 饺子 (jiǎo zi)
Para duas pessoas.
Meio quilo de farinha de trigo sem fermento;
Três abobras (Mais ou menos 800g)
Uma colher de sopa de óleo de soja
Uma pitada de sal
4 ovos
Modo de preparo:
1) Massa: Misture aos poucos a farinha com um pouco de água morna e mexa bem até dar liga, então passe a amassar com as mãos até formar uma massa parecida com massa de pão. Deixe a massa descansando por cerca de 15 minutos;
2) Recheio: (Geralmente é de carne ou legumes, mas pode fazer com carne moída já pronta e temperada ou carne de porco, costela, etc. Na China, o mais comum é legume ou carne de porco)
Lave bem e retire as sementes da abóbora e depois triture ou faça um picadinho bem pequeno, adicione uma pitada de sal e deixe descansar uns cinco minutos e esprema para sair toda a água;
Bata os ovos com batedeira ou com a mão e frite em um pouco de óleo de soja, fazendo ovos mexidos.
Misture os ovos mexidos com a abóbora processada até formar uma mistura homogénea;
3) Corte a massa em pequenos pedaços sempre untando com farinha para não grudar. Depois de cortada, amasse para formar uma espécie de mini panqueca, então recheie e tenha cuidado de fechar bem para não vazar o recheio (veja como no vídeo).
4) Deixe uma panela de água no fogo até ferver e então coloque lentamente os 饺子 de um a um;
5) Quando todos estiverem na superfície, adicione um pouco de água fria. Repita o processo três vezes.
6) Retire da água e sirva com molho shoyu.
informação tirada da net  



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

AROMATERAPIA o que é?



AROMATERAPIA


A Aromaterapia

A Aromaterapia é a ciência do estudo dos aromas e como eles interagem com as pessoas, animais, ambientes.
A utilização da Aromaterapia é muito antiga vem desde tempos primórdios, já no Egipto antigo ela era utilizada assim como na China.
Sempre soube bem um bom aroma, quer ele fosse alimentício, de plantas ou de pessoas.
A prática de utilizar perfumes há muito que é utilizada.
No entanto a Aromaterapia só recentemente começou a ser usada no Ocidente, ela ressurgiu na França através de René Maurice Gatofossé que utilizou Lavanda para curar umas queimaduras que tinha feito acidentalmente.
Hoje em dia a Aromaterapia está muito ligada à utilização de óleos essenciais para tratamentos, contudo a Aromaterapia vai para além desta prática, ela também é usada no Feng Shui para Harmonizar Ambientes, limpando-os de energias negativas.



INFORMAÇÕES
Peça mais informações pelo e'mail: escolaportuguesadefengshui@gmail.com
Faça a sua pré-inscrição pelo o nosso blogue: http://escolaportuguesadefengshui.blogspot.pt/, página Cursos 


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O SAPO DAS TRÊS PATAS

HISTÓRIA O SAPO OU RÃ DE 3 PERNAS NO FENG SHUI - Chan Chu

Conta a lenda que uma vez uma criança estava a brincar numa poça de água quando viu uma rã, atirou uma pedra a esta. A rã escondeu-se debaixo da água e não saiu mais. A criança, arrependida, ia todos os dias a esse lugar para lhe dar comida, mas ela nunca aparecia. Com o tempo o menino foi crescendo, mas continuou a ir lá alimentar a rã. Um dia a rã saiu e ele pode ver que ela só tinha três pés. Devido ao golpe que ele lhe deu com a pedra a rã tinha perdido um pé. O menino, agora um homem, pediu-lhe perdão e retirou-se entristecido. Passado um tempo o camponês teve um filho que adoeceu e ele não tinha dinheiro para comprar os remédios que precisava. Um dia, já com o filho agonizando, ouviu a rã croando e viu-a entrar no mesmo recinto em que todos estavam a aguardar pelo pior. Para sua surpresa, ela trazia uma moeda de ouro na boca e deu ao homem para comprar os remédios. Assim o filho salvou-se e desde aquele dia a família do menino criou a tradição de Chan Chu em homenagem à rã que os ajudou.
É normalmente retratado como um sapo-boi, com olhos vermelhos e narinas flamejantes, levando uma moeda na boca e sentado em uma pilha de moedas chinesas, barras de ouro ou em um Baguá. Dos cantos de sua boca sai um cordão com moedas que passa por seus ombros. A boca mantém-se aberta o suficiente para introdução e retirada de uma moeda, geralmente difere das demais por ser cunhada com imagens de dragões ou pássaros ao invés de símbolos escritos. No topo de sua cabeça é encontrado o símbolo do TAO o Yin e o Yang. Nas suas costas geralmente encontram-se sete pedras conetadas por um linha representando a constelação de ursa menor. No final de suas costas encontra-se uma única perna virada para a esquerda.

Segundo a sabedoria do Feng Shui, acredita-se que ele tenha o poder de afastar o mal, proteger a riqueza e aumentar a renda. Segundo a tradição deve ser colocado perto da porta, mas de forma que ninguém a possa tirar e que ela possa ir buscar dinheiro para casa e deve estar na posição a entrar.